O vento era calmo e constante, chegava a deslizar carinhosamente em meu rosto.
O chão plano e firme, dando segurança e determinação para as minhas pernas.
A paisagem clara e reluzente tranquilizava meus olhos e minha mente.
Nada podia dar errado. Estava tudo ali, era só seguir em frente. Não, não era…
De forma rápida e silenciosa, tudo mudou. E muito…
O vento era indeciso e cruel, castigando minha face com variacões de velocidade e temperatura.
O chão se transformou em uma grande massa de areia, subindo, descendo e mudando a cada metro.
A paisagem agora me levava ao desespero, sem visibilidade, sem horizonte e sem beleza, somente o vazio.
Diante de todas estas mudanças, somente uma pergunta ecoava em minha mente: por que?
Será que isso é um castigo? Uma punição pelas coisas que eu fiz? Ou pelo que eu não fiz?
Foi aquela mãe de família que eu demiti porque não me entregou o relatório?
Foi o pobre homem sem teto que eu não ajudei? O presente do meu sobrinho que eu não dei?
Em que encruzilhada escolhi o caminho errado? Qual a placa que não li?
Posso voltar atrás? Não. Infelizmente não.
Mas depois de muito refletir, percebi que não foi um ato que me levou ali e sim uma vida.
Eu não podia mais mudar as minhas ações do passado, mas posso escolher as do futuro.
E com isso, posso escrever um novo e melhor capítulo na história da minha vida.
Para conseguir isso, primeiramente eu preciso seguir em frente…
Photo by Nagesh Mahadev
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